Mais um ano se foi. Com nossos acertos e com nossos projetos que ficaram pelo caminho, ainda assim ele se foi. É a natureza, o fluxo. Qual foi a sensação ao terminar o ciclo de 2021? Qual foi o balanço que fizemos? Seja qual for o seu resultado, nós, seres humanos, acreditamos que o próximo será diferente.
O que queremos neste novo ciclo de 2022? Mesmo com o estresse e ansiedade, quem sabe frustração, iniciamos de modo objetivo e prático, ou mesmo de forma inconsciente, a fazer novos planos e traçar metas.
Nós, seres humanos, gostamos de medidas. Com quanto peso estou? Quantos anos de casamento? Como estão os meus sinais vitais, meus indicadores clínicos (colesterol, glicemia, hormônios, etc)?
Ao pensar neste novo pacto com você mesmo, gostaria de falar sobre um tema que o pesquisador e psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi estuda há décadas: o Flow. Mas, o que tem o Flow com os nossos acordos de um novo ano? “Podemos sentir prazer sem qualquer investimento de energia psíquica, mas o deleite só ocorre em consequência de investimentos extraordinários de atenção”, sentencia Csikszentmihalyi.
Que tipos de metas e sonhos devemos ter em 2022? Aqueles que nos desafiem! Mas os desafios devem estar dentro de nossas habilidades e capacidades. Então se pudéssemos descrever uma fórmula, sugiro usarmos o gráfico do flow do nosso amado mestre:
Para saber se estamos em Flow, precisamos levar em consideração que as metas de algum modo devem ter as seguintes características:
1º) Serem bastante claras. Nenhum de nós sai pelo caminho sem ter muita certeza do que quer e tão pouco sobre o que vai encontrar. Para que se envolva por inteiro em qualquer tarefa é necessário ter o conhecimento preciso dela. Que sejam minhas. Não de terceiros, da minha mulher, do meu chefe apenas. Mas com o meu ser envolvido.
2º) Fornecer feedback imediato: ao longo da jornada, do caminho os sinais por onde estamos passando vão nos confirmando o objetivo alcançado. É muito difícil permanecer com energia e motivado para a tarefa sem receber o retorno periódico e rotineiro de seu resultado. O sentido maior do Flow deriva da certeza interna de que o que se faz é importante para mim, e tem resultados, sejam estes quais forem, mas que tem resultados.
3º) Equilibradas entre desafios e habilidades: se por um lado sonhar e se desafiar faz parte de nossa existência. Sonhar e colocar metas que estejam, neste momento, distantes de nossas capacidades/habilidades, teremos mais um ano novo repleto de ansiedade e frustração, pois teremos poucas chances de êxito. Também, se as metas/sonhos forem muito pouco desafiadoras para a minha capacidade e habilidade, entro em outro estágio chamado de apatia. Muito pouco de nossa energia será disponibilizada para atingir o que planejamos.
4º) Altos níveis de concentração: esta é uma forma muito clara e precisa de vermos se os itens acima foram levados em consideração ao definirmos as metas. Se estamos em uma meta que é bastante clara, fornece feedback preciso e constante ao longo do percurso e equilibrada quanto ao nível de desafios vs. as habilidades, o nível de concentração é absoluto. A entrega é total. As minhas desculpas de “ausência de motivação” ficam em um plano bem distante.
5º) Experiência alterada do tempo: a nossa percepção do tempo em todos os nossos dias, depende, fundamentalmente, da entrega. E podemos dizer que ele é muito relativo. O que acontece conosco quando estamos fazendo algo que realmente amamos fazer? E quando não queremos fazer o que estamos fazendo? No primeiro caso o tempo voa, enquanto no segundo parece que nunca passa. Quando a meta que nos propusemos a fazer for desafiadora, nossa visão do tempo estará alterada. Não veremos o tempo passar enquanto estivermos fazendo.
Pensando nestes itens, podemos olhar para o nosso passado recente e verificar o que nos propusemos a fazer. Fomos até o final? Se não atendeu aos itens acima, provavelmente não chegou ao final, pois encontrou desculpas internas para não fazer. Mesmo que nossa resposta tenha sido sim, nos sentimos felizes ao final?
Mas somente a meta pela meta não trará o Flow. Para recebermos o feedback imediato, precisamos desenvolver o sentido de aproveitamento, de concentração no caminho e não somente na meta, pois do contrário ficaremos viciados e ao terminarmos teremos que ter outra imediatamente para substituir a anterior.
Vejamos o caso de um alpinista. Se sua meta for “somente” o pico do Everest, deixará de aproveitar toda a caminhada. Seu corpo vai mudando ao longo da preparação. Os desafios menores atingidos. As pessoas e as culturas que conhecerá ao longo da jornada, o desenvolvimento do seu estilo de negociar o patrocínio, os parceiros, os apoiadores.
Se nossa meta for somente sermos os melhores pais, podemos nos perder no caminho. Seremos pais que cumprem tudo o que manda a nossa cultura, a medicina, a religião, mas não vimos os nossos filhos crescerem. E o tempo não volta.
Se a nossa meta for tão somente ser o diretor da empresa em que trabalho, por mais difícil que seja, se tivermos habilidades/capacidades, provavelmente chegaremos lá. Mas perderemos toda a jornada. Nossa evolução e aprendizado desde estagiários até chegarmos onde nos propusemos.
Que 2022 seja um ano cheio de Flow, de Fluxo!
Que possamos aprender a traçar nossas metas de tal modo que tenhamos muitos momentos de felicidades e alegria. Que aprendamos a aproveitar a nossa caminhada, para que os momentos de prazer que tenhamos ao longo desta reflexão tão importante de fim de ano possa nos alimentar para as próximas jornadas.
Para auxiliar a definir Metas mais Apreciativas, Baixe Gratuitamente o Ebook Metas Apreciativas clicando aqui
Feliz 2022!!!